O que é
Oncocercose?
A oncocercose, conhecida também como “cegueira dos rios” ou “mal
do garimpeiro”, é uma doença provocada pelo parasita nematódeo
Onchocerca volvulus, que acomete exclusivamente os humanos.
Sua transmissão é feita pelo mosquito Simulium spp., popularmente
conhecidos como piúm (região norte) ou borrachudo (demais regiões).
Quando este inseto pica um hospedeiro infectado, acaba sugando
microfilárias junto com o sangue. Estas, por sua vez, maturam-se no
interior do corpo do mosquito, ocorrendo a transformação destas
para formas infecciosas, sendo, por conseguinte, injetadas na
circulação sanguínea de outro indivíduo picado pelo inseto.
A doença é caracterizada pelo surgimento de nódulos subcutâneos
fibrosos, também chamados de oncocercomas, sobre superfícies ósseas
em diversas regiões do corpo. Esses nódulos são móveis, não
causam dor e são neles que encontram-se os parasitas no estágio
adulto. Os machos podem percorrer o corpo do hospedeiro, migrando de
nódulo em nódulo, fecundando as fêmeas que encontram-se enoveladas
nestas estrutura. Por dia, esses parasitas apresentam a capacidade de
gerar até 3.800 larvas, que recebem o nome de microfilárias. Essa
doença não leva ao óbito, mas pode causar cegueira nos indivíduos
portadores.
As microfilárias alcançam diferentes partes do organismo, como
olhos, linfa, urina, saliva, líquor e, às vezes, até a corrente
sanguínea. Embora algumas possam maturar em outras localizações
dentro do organismo, gerando novos nódulos, a maior parte morre
devido ao combate por parte do sistema imunológico.
Inicialmente (aproximadamente 1 ano após a infecção) surgem os
sintomas que dizem respeito às formas adultas, que, basicamente,
trata-se da formação dos nódulos. Após o início da produção
das microfilárias, há o surgimento de sintomas mais sérios. A
resposta positiva do sistema imunológico à disseminação das
microfilárias pela corrente sanguínea e linfática resulta no
aparecimento do prurido e exantemas cutêneos, levando à perda de
elasticidade da pele e aparecimento de pápulos, regiões
despigmentadas e inflamação dos linfonodos (adenopatia), além de
febre. No caso das microfilárias migrarem para o globo ocular,
ocorre reações de levam à fibrose dessa região, e também,
acúmulo de complexos de anticorpos, resultando primeiramente em
conjuntivite com fotofobia e, certas vezes, perda total da visão,
normalmente em ambos os olhos. Em raras ocasiões pode ocorrer
elefantíase do escroto e membros inferiores quando existem nódulos
obstruindo os canais linfáticos presentes nessa região.
A suspeita é obtida por meio das manifestações clínicas,
juntamente com o histórico epidemiológico. A confirmação é feita
por meio da identificação do verme adulto ou microfilárias através
de diversos exames, como biópsia de nódulo ou pele, punção por
agulha e aspiração do nódulo, exame oftalmoscópio do humor
aquoso, urina, ou também, através de testes de imunidade, como
imunofluorescência, ELISA, PCR e intradermorreação.
O tratamento é feito por meio da administração de ivermectina no
combate das microfilárias, sendo este pouco eficaz contra as formas
adultas. Os oncocercomas são retirados cirurgicamente. Antigamente o
tratamento das microfilárias era feito utilizando-se
antiparasitários, ainda utilizados na prevenção em regiões
endêmicas. No entanto, a evidenciação de que as microfilárias
dependem de bactérias rickettsias endossimbiontes presentes no
interior de seus corpos, resultou na criação da terapia feita com
doxiciclina.
Em áreas endêmicas aconselha-se o uso de roupas que cubram a maior
parte do corpo, repelentes de insetos e redes. Todavia, a erradicação
dos insetos transmissores com inseticidas é a única medida a longo
prazo, e tem sido exercida em programas da OMS em zonas endêmicas,
juntamente com a administração maciça de medicamentos
antiparasitários às populações, obtendo-se bons resultados.
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