domingo, 11 de novembro de 2012

Dipilidiose

O que é Dipilidiose?

A dipilidiose é uma doença, que acomete tanto animais quanto o homem (hospedeires definitivos). É mais comumente encontrado em cães, menos em gatos e em outros carnívoros silvestres. Embora nos cães, este parasita seja pouco patogênico, sua prevalência pode alcançar cerca de 60% de cães infectados em determinadas regiões.

Possui como agente etiológico o parasita Dipylidium caninum, que é um cestóide semelhante à tênia, transmitido por pulgas ou, em menor escala, por piolhos mastigadores (hospedeiros intermediários). Possui um corpo segmentado, cuja cabeça, mais conhecida como escoléx, fixa-se no intestino do hospedeiro definitivo, e seu corpo, dividido em segmentos, conhecidos como proglótides, destacam-se deste cestóide e são liberados com as fezes.

Ova do parasita

A larva da pulga infecta-se ingerindo ovos eliminados ao ambiente junto às fezes do hospedeiro definitivo infectado. Nestas larvas, os ovos continuam sua evolução, enquanto a larva da pulga se transforma em adulta e passa a parasitar o animal. Quando este ingere acidentalmente a pulga contaminada, o D. caninum alcança o final do seu ciclo, crescendo e transformando-se em adulto no intestino do hospedeiro definitivo.

As crianças são as mais acometidas por este tipo de parasitose, apresentando como manifestações clínicas irritabilidade, insônia e perda de apetite; dores abdominais (cólicas), diarréia e prurido anal são frequentes. Todavia, a doença não é grave. Já nos animais, o sintoma mais comum é prurido anal ocasionalmente, porém pode haver também diarréia e a presença do parasita nas fezes.

A profilaxia da dipilidiose humana é feita com maior eficácia por meio do controle de pulgas nos animais, utilizando inseticidas adequados, além da realização de uma vermifugação sistemática dos animais.

Himenolepíase

O que é Himenolepíase?

Himenolepíase é uma verminose causada pelo Hymenolepis nana, que é um parasita cosmopolita, mais frequente em regiões de clima quente. A densidade populacional e o hábito de viver em ambientes fechados são dois fatores muito importantes na determinação da incidência dessa verminose. A resistência de até 10 dias dos ovos do parasita em meio externo, os maus hábitos higiênicos, a ingestão acidental de alimentos e bebidas contaminados são formas bastante comuns de se contrair a himenolepíase.

No organismo, o Hymenolepis nana causa diversos sintomas no indivíduo, que varia em relação ao número de parasitas e a idade em que este indivíduo se encontra. São mais evidentes em crianças e se caracterizam principalmente por diarréias, dor abdominal, agitação, insônia, irritabilidade, raramente ocorrendo sintomas nervosos, dos quais os mais penosos são ataques epilépticos em formas variadas, incluindo cianos, perda de consciência e convulsões. Além disto, o verme pode causar extensas lesões na mucosa intestinal com pequenas ulcerações e perda de peso. O habitat principal do verme adulto é no intestino delgado, principalmente no íleo e jejuno do homem.

Os ovos de Hymenolepis nana possuem forma elíptica. A casca é formada por duas membranas separadas por largo espaço claro, são finas e transparentes deixando ver em seu interior o embrião hexacanto ou oncosfera com seus seis ganchos. Possuem ainda duas pequenas saliências polares chamadas mamelões, das quais partem filamentos. As larvas são pequenas, formadas por um escólex invaginado e envolvido por uma membrana. Contém pequena quantidade de líquido e são denominadas de larvas cisticercóides.



Os vermes adultos possuem o corpo achatado, de cor esbranquiçada. Medem geralmente cerca de 3 a 5 centímetros, porém seu comprimento varia em proporção inversa ao número de exemplares presentes no intestino.

O corpo dos vermes adultos estão divididos em três partes:
Cabeça ou escólex: Apresenta 4 ventosas e um rosto-retrátil armado de ganchos
Colo: Longo e sem segmentação
Estróbilo: Constituído de cerca de 100 a 200 proglotes bastante estreitos. Cada um destes possui genitália masculina e feminina. Os anéis grávidos apresentam-se repletos de ovos e quando se desprendem do estróbilo se rompem liberando os ovos.


Assim como em outras verminoses, para diagnosticar a himenolepíase é necessário fazer um exame de fezes, que com auxílio do método HPJ, o diagnóstico é dado pelo encontro de ovos nas fezes. O tratamento geralmente é feito com o uso dos fármacos praziquantel ou niclosamida. Porém, é fundamental procurar um médico em caso de suspeita da doença.



toxocaríase

O que é toxocaríase?

A toxocaríase, também conhecida como Síndrome da Larva Migrans Visceral (SLMV), é causada por parasita pertencente ao gênero Toxocara, filo Nemathelmintes, classe Nematoda, ordem Ascaroidea, família Ascaridae e subfamília Ascarinae. Este gênero possui 21 espécies, sendo que as se destacam são a Toxocara canis e a Toxocara catti, que atacam cães e gatos, respectivamente. Esta doença é uma antropozoonose de distribuição mundial. Este parasita tem como hospedeiro definitivo os animais, mas pode atacar o homem acidentalmente.

 Toxocara canis

Dentre todos os agentes causadores da SLMV, o T. canis apresenta características peculiares de ciclo biológico e padrão de migração larvária, sendo assim a espécie mais frequentemente causadora da doença.

Em cães, a infecção é mais comumente observada em cadelas prenhes e lactantes, bem como nos seus filhotes, pois ocorre a contaminação destes por via transplacentária e transmamária. Após o nascimento, o parasita completa o ciclo nesses filhotes dentro de três a quatro semanas de vida, eliminando os ovos deste parasita junto com as fezes. Além deste tipo de infecção os cães podem infectar-se através da ingestão de ovos infectantes, de larvas em tecidos de hospedeiros paratênicos, ou ainda, ingestão pela cadela de larvas do T. canis presente nas fezes ou vômitos dos seus filhotes, quando esta fizer a higienização dos mesmos.

Após a entrada do ovo embrionado no organismo, este irá liberar a larva no estômago e intestino delgado, que irão penetrar na mucosa intestinal, alcançarem a circulação linfática ou sangüínea, chegando ao fígado dentre de um período de 24 horas. Em seguida, irão atingir o coração e os pulmões através da corrente sanguínea. As larvas presentes nos pulmões podem passar dos bronquíolos para a traquéia e faringe, sendo então deglutidas (rota traqueal). Após ocorrida duas mudas, estas larvas irão tornar-se vermes na luz do intestino, passando a colocar ovos que aparecerão nas fezes dentro de 4 a 5 semanas após ocorrida a infecção.

A rota traqueal, geralmente acontece em filhotes com menos de 5 semanas de vida, enquanto que em animais mais velhos, as larvas migram do pulmão para o coração e, em seguida, para todos os tecidos do hospedeiro, permanecendo quiescentes, podendo sobreviver por muitos anos. Depende muito da espécie do animal, mas os lugares preferencialmente acometidos são: fígado, rins, pulmões, músculos e cérebro.

Já o homem pode adquirir este parasita através da ingestão de ovos que contenham a larva em estágio infectante. No intestino haverá a eclosão destes ovos que irão liberar a larva que penetrará na mucosa intestinal. Esta irá migrar pela circulação porta até o fígado, onde pode ser encapsulado ou migrar para os pulmões e coração, sendo disseminado pela circulação sistêmica. Pode haver lesão das paredes dos vasos, podendo haver hemorragias, necrose e processos inflamatórios, que podem resultar no encapsulamento fibroso dessas larvas no tecido acometido, permanecendo viáveis por muito tempo.

Nos cães, os sinais clínicos mais comuns são: diarréia, flatulência, distensão abdominal, desidratação e atraso no desenvolvimento. Quando as larvas passam pelos pulmões, pode haver tosse e quadro de pneumonia. A migração larval pode resultar em alterações como celulite orbital, e em infecções muito grandes, pode levar o animal à morte. Em relação às alterações hematológicas, eosinofilia é considerada a principal.

No homem, a infecção pode ser assintomática, mas as manifestações clínicas irão depender de fatores como: quantidade de carga parasitária, padrão da migração larvária e resposta imune do hospedeiro.

Atualmente, são descritas três formas de manifestações clínicas:
  • Toxocaríase visceral
  • Toxocaríase ocular isolada
  • Apresentações atípicas

O diagnóstico em cães pode ser o clínico, com a observação de proeminência de abdome, anorexia, diarréia, pneumonia e presença de parasitas imaturos em vômito. Para a confirmação, pode ser feito testes laboratoriais através da constatação e identificação microscópica de ovos em exame de fezes do cão, através do Método de Flutuação. Em relação ao diagnóstico no homem, é feito através de métodos indiretos, com detecção de altos níveis de anticorpo IgG anti-Toxocara canis na corrente sanguínea ou fluídos corporais. O método de diganóstico mais utilizado é o teste de E.L.I.S.A.

Para o tratamento e controle desta doença recomenda-se:

  • Eliminar os parasitas dos animais infectados;
  • Prevenir a contaminação do ambiente por fezes de cães;
  • Reduzir a população canina;
  • Fazer um programa de educação da população sobre o potencial zoonótico desses nematódeos.

O ideal é fazer um esquema de tratamento anti-helmíntico dos filhotes, para evitar que as larvas do T. canis cheguem à forma adulta e liberem ovos. A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda realizar o tratamento na segunda, quarta, sexta e oitava semanas de vida dos cães. O medicamento mais utilizado no tratamento de animais com infecção instalada é o febendazole, na dose de 20 mg/kg. Nos cães adultos, é muito raro a toxocaríase, mas quando ocorre a dose recomendada é a de 50 mg/ kg.

Fasciolíase

O que é Fasciolíase?

A fasciolose, também chamada de fasciolíase, é uma doença causada pelo parasita Fasciola hepatica e, certas vezes, pela Fasciola gigantica. São parasitas dos canais biliares de bovinos, ovinos, caprinos, suínos, equinos e, raramente, do homem, sendo mais comum nos ruminantes.

Fasciola hepatica
Os parasitas presentes nos canais biliares irão lançar os ovos pela bile que irão ser eliminados juntos com as fezes. Quando em ambiente aquático irão dar origem aos miracídios dentro de 9 a 25 dias, estes nadam livremente na água até encontrar um caramujo de água doce, pertencente ao gênero Lymnaea, penetrando nestes, alojando-se nos seus tecidos passando para a forma de esporocistos, onde em seu interior, formam-se as rédias que se multiplicando de forma assexuada neste hospedeiro intermediário.

Dentro das rédias são formadas as cercarias que irão deixar o hospedeiro intermediário, ficando aderidas à superfície das plantas aquáticas, passando a receber o nome de metacercária, que serão ingeridas pelos herbívoros quando este alimentar-se das plantas. Quando se trata do homem, o vegetal ingerido é o agrião. No trato digestivo as metacercárias irão perfurar a mucosa intestinal, alcançando o fígado, permanecendo em seu parênquima por cerca de dois meses. Após esse tempo, irão alojar-se nos canais biliares, local onde irão atingir a maturidade sexual, reproduzindo-se assexuadamente, iniciando novamente o ciclo.

O curso da doença nos ruminantes pode ser agudo ou crônico, sendo que a fasciolose crônica é mais comum. A aguda consiste, basicamente, em uma hepatite traumática gerada pela migração simultânea de um grande número de parasitas. A partir de seis semanas após a infecção as manifestações clínicas se tornam mais evidentes, com anorexia e dor abdominal ao toque. Em casos crônicos, são poucos os sinais clínicos, quando há. Existem características que aparentemente são constantes, como perda de apetite e palidez das mucosas; edemas submandibulares e do úbere podem ser observados ocasionalmente. Icterícia praticamente não é observada no animal vivo. Pode ocorrer queda na produção de lã em ovinos, sem aparentes sintomas da faciolose. Ocorrem também alterações nas proteínas séricas, nas células sanguíneas, com o aparecimento de uma anemia normocítica normocrômica.

Já nos humanos, como são hospedeiros acidentais, a carga parasitária é bem menor e, consequentemente, as lesões também.
No homem, o diagnóstico desta doença só pode ser feito três meses depois de ocorrida a infecção, pois é quando os ovos começarão a ser eliminados nas fezes, sendo visualizados através de técnicas de microscopia. Como este diagnóstico não é conclusivo, recomenda-se o teste de ELISA, imunofluorescência e reação de fixação de complemento. Pode também ser feita a técnica de intradermorreação através da inoculação de antígenos. Podem ser realizados exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética. Nos animais também é feito exame de fezes e ELISA.

O tratamento é feito com a administração do triclabendazol. Para o homem, a profilaxia é feita evitando-se o consumo de agrião cru, principalmente quando são irrigados por água de rio, ou adubados com estrumes. Quanto ao controle e profilaxia nos animais, os que estiverem infectados devem ser tratados, evitando, na medida do possível, que defequem perto da água. Também deve ser feito um controle da população de caramujos Lymnaea, utilizando-se mulusquicidas, além da drenagem das pastagens alagadas.

Triquinose

O que é Triquinose?

A triquinose é uma infecção parasitária que apresenta como agente etiológico os parasitas nematódeos do gênero Trichinella, sendo que a espécie de maior interesse para a medicina humana é o Trichinella spiralis.

Trichinella spiralis
O T. spiralis é um parasita pertencente à ordem dos nematóides, que apresentam um gânglio cefálico, ou seja, um cérebro rudimentar, e um aparelho digestório completo.

Este parasita é hospedeiro natural do rato, sendo transmitido de geração para geração. Por acidente, as carcaças de ratos são ingeridas por suínos, sendo, por conseguinte, ingerida por humanos na carne ou nos subprodutos crus ou mal cozidos fabricados com a carne suína. Estes parasitas penetram na mucosa intestinal do homem, local onde maturam-se e multiplicam-se de forma sexuada, sendo que os machos morrem logo após o acasalamento. As fêmeas grávidas geram então, durante aproximadamente um mês, ovos que subseqüentemente eclodem liberando as larvas que se disseminam pelo sangue e pela linfa, alcançando as células-alvo, que são as células musculares estriadas. As microlarvas invadem as células sem destruí-las, dando origem a cápsulas em seu interior, local onde se aninham, adquirindo a forma de espiral, permanecendo, deste modo, quiescentes por anos até serem ingeridas por outro animal.

As manifestações clínicas variam de acordo com a quantidade de larvas invasoras, dos tecidos comprometidos e do estado físico geral do indivíduo acometido. Muitos indivíduos não apresentam nenhuma sintomatologia. Normalmente, os sintomas intestinais iniciam-se dentro de 1 a 2 dias após a ingestão do alimento infectado, havendo também a presença de febre baixa. Contudo, é rara a manifestação da larva durante os primeiros 7 a 15 dias pós-infecção.

Um dos primeiros e característicos sintomas é a tumefação das pálpebras, que surge por volta do 11° dia pós-infecção. Subseqüentemente aparecem hemorragias na esclera ocular e na parte posterior dos olhos, dor ocular e fotossensibilidade. Em seguida há o aparecimento de dor muscular, juntamente com uma erupção cutânea e hemorragia abaixo das unhas. A dor é intensa nos músculos ligados à respiração, mastigação e deglutição.

Os sintomas envolvem sede, sudorese profusa, febre, calafrios e debilidade. No processo, por parte do organismo, de combate às larvas fora dos músculos, pode haver a inflamação tanto dos linfonodos, como do cérebro e das meninges; pode haver também perturbações da visão e da audição. Também há a possibilidade de ocorrer processo inflamatório dos pulmões, pleura e coração.

Não existe teste diagnóstico evidenciar a presença de larvas no intestino. Contudo, quando estas encontram-se na musculatura, dentro de um período de quatro semanas após ocorrida a infecção, é possível observar por meio de uma biópsia do músculo, a presença de larvar ou quistos. É muito rara a presença dos parasitas nas fezes, sangue ou líquido cefalorraquidiano.

As análises sanguíneas são muito confiáveis, embora possam fornecer resultados falso-negativos, especialmente quando são realizados dentro das primeiras duas semanas de infecção. Normalmente, a taxa eosinofílica começa a elevar-se perto da segunda semana, atingindo seu pico entre a terceira e quarta semana, declinando, por conseguinte, gradativamente. Os testes cutâneos não são confiáveis.

A profilaxia dessa parasitose é feita por meio do cozimento adequado da carne de porco e seus derivados. As larvas também morrem quando submetidas a temperaturas inferiores a -15°C por 3 semanas, ou a -20°C durante um dia. A prevenção deve ser realizada também em pocilgas, evitando que os suínos ingiram cadáveres de roedores.

Os fármacos de eleição para o tratamento desta doença são o mebendazol e o tiabendazol, administrados por via oral. O repouso auxilia no alívio da dor muscular; todavia, é possível que seja necessária a administração de analgésicos, como a aspirina ou a codeína. Determinados corticosteróides, como a prednisolona, podem ser usados para diminuir o quadro inflamatório cardíaco e encefálico.

Anisakíase (RARA NO BRASIL)

O que é Anisakíase?

Anisakíase é o termo usado geralmente para nomear a forma da doença aguda de doença parasítica no trato gastrointestinal dos seres humanos. A doença manifesta-se usualmente por cólicas abdominais e vômitos, resultante da ingestão de peixes do mar crus ou mal cozidos contaminados com a larva. A larva em movimento faz uma cova na parede do estômago produzindo ulceração com náusea, vômitos e dor epigástrica, algumas vezes, com hematêmese. As larvas podem migrar para a parte superior atacando a orofaringe e causando tosse. No intestino delgado, elas causam abscessos eosinofílicos, e os sintomas podem ser similares a uma apendicite ou enterite regional. Com o tempo, pode haver perfuração da cavidade peritoneal. Raramente as larvas atingem o intestino grosso.

Na América do Norte, a anisakíase é diagnosticada mais freqüentemente quando o indivíduo afetado sente formigamento ou cócegas na garganta e quando os vermes saem com a tosse ou são extraídos manualmente.

Agente etiológico: nematódios larvais da família Anisakinae, gênero Anisakis e Pseudoterranova. O Anisakis simplex (vermes do arenque), Pseudoterranova decipiens (Phocanema, Terranova) (verme do bacalhau ou da foca), Contracaecum spp., e Hysterothylacium (Thynnascaris) spp. são anisakideos, nematelmintos (vermes redondos) que têm sido implicados em infecções humanas causadas pelo consumo frutos do mar crus ou mal cozidos.




Menos de 10 casos de anisakíase são diagnosticados nos EUA anualmente. É muito comum no Japão devido aos sushis e sashimis, também comum na Holanda, na Escandinávia e na costa do Pacífico da América Latina. No Brasil não há notificação de casos, embora há estudos mostrando a existência de peixes contaminados como o dourado, anchova, pargo e peixe-espada na costa brasileira, especialmente no litoral nordeste. Também há relatos de bacalhau importado contaminado analisado pelo Instituto Adolfo Lutz nos anos de 1997 e 1998. Entretanto, suspeita-se que muitos casos não estejam sendo detectados. A doença é transmitida por peixes e marisco crus, mal cozidos ou insuficientemente congelados ou mal preparados, e sua incidência deve aumentar com a popularidade crescente de restaurantes de sushis e sashimis.

Diagnóstico: nos casos onde o paciente vomita ou tosse o vermes, a doença pode ser diagnosticada pelo exame morfológico do nematódio (os Ascaris lumbricoides, a lombriga dos seres humanos, são um parente terrestre dos anisakinaes e às vezes estas larvas rastejam para cima, chegando na garganta e nas narinas). Outros casos podem requerer uma endoscopia para se visualizar o interior do estômago e da primeira parte do intestino delgado. Estes dispositivos devem ser equipados com um fórceps mecânico que pode ser usado para remover o parasita. Outras casos são diagnosticados mediante o achado de lesões granulomatosas com o verme na laparotomia. Há um teste baseado em reação alérgica específica para a anasakíase, ainda em desenvolvimento.

Curso e complicações usuais da doença: os casos severos de anisakiases são extremamente dolorosos e requerem a intervenção cirúrgica. A remoção física do nematódio da lesão é o único método conhecido para reduzir a dor e eliminar a causa (à exceção de esperar os vermes morrerem). Os sintomas persistem aparentemente depois que os anisakis morrem enquanto algumas lesões permanecem próximas ao local onde foi feita a remoção cirúrgica, contendo somente restos do nematódio. A estenose (estreitamento e endurecimento) do esfincter pilórico foi relatado em um caso em que a laparotomia exploratória revelou um anisakis que não foi removido.

Os frutos do mar são as fontes principais de infecções humanas com estas larvas de nematódios. Os adultos do A. simplex são encontrados nos estômagos das baleias e dos golfinhos. Os ovos fertilizados do parasita fêmea saem do hospedeiro junto com suas fezes. Na água do mar, os ovos embrionados se desenvolvem em larvas e eclodem na água do mar. Estas larvas são infectantes aos copépodes (pequenos crustáceos relacionados ao camarão) e a outros invertebrados pequenos. As larvas crescem no invertebrado e tornam-se infectantes para o hospedeiro seguinte, um peixe ou invertebrado maior, tal como uma lula. As larvas podem penetrar através do trato digestivo nos músculos deste segundo hospedeiro. Alguma evidência existe de que as larvas dos nematódios se movem das vísceras para a carne dos peixes hospedeiros, se estes não forem prontamente eviscerados após a captura. Os ciclos de vida de todos os gêneros restantes de anisakideos implicados em infecções humanas são similares. Estes parasitas são encontrados freqüentemente na carne do bacalhau, hadoque, linguado, salmões do pacífico, arenque e outros.

Esta doença foi conhecida primeiramente através de casos individuais. O Japão tem o maior número de casos relatados por causa do grande volume de peixes crus consumidos neste país. O Jornal de Medicina New England (319:1128-29, 1988) registra em um artigo 50 casos de anisakíase nos EUA, até 1988. Três casos na área da baía do San Francisco envolveram o ingestão de sushi ou de peixes pouco cozidos. Sabe-se que anasakíase pode facilmente ser confundida com a apendicite aguda com a doença de Crohn, úlcera gástrica, câncer gastrointestinal.

Medidas de controle:
  • Medidas preventivas - evitar a ingestão de peixes e frutos do mar crus ou mal cozidos. A temperatura recomendada para a inativação dos parasitas é de 60 º C por 10 minutos, ou congelamento por - 35 º C. Em temperaturas de -23 º C é necessário o congelamento por pelo menos 7 dias para matar a larva. A irradiação é um método efetivo para matar o parasita. Recomenda-se também a evisceração dos peixes logo em seguida à pesca para evitar a penetração das larvas dos mesentérios para os músculos;
  • Controle dos casos - notificação à vigilância epidemiológica e investigação epidemiológica e sanitária.

Dirofilariose

O que é Dirofilariose?

A dirofilariose, também conhecida como verme do coração, é uma zoonose, causada pelo filarídio Dirofilaria immitis que ataca preferencialmente cães, mas também outros mamíferos domésticos e até mesmo o homem. Esta enfermidade é muito comum em cidades litorâneas e de clima quente, no entanto há o relato de vários casos em cidades interlitorâneas longe do litoral. Ela é transmitida por mosquitos fêmeas do gênero Aedes, Culex e Anopheles.

Dirofilaria immitis

O mosquito infecta-se ingerindo o sangue de um animal contaminado e quando for sugar outro animal sadio e após um período de 10 a 15 dias desta ingestão de microfilárias, estas irão transformar-se em larvas infectantes e serão transmitidas quando o mosquito sugar outro cão. Cerca de 90 dias após o parasita entrar no organismo do cão, ele irá desenvolver-se e instalar-se no átrio direito e veia cava do coração, e este processo pode demorar cerca de 6 meses podendo ser encontradas microfilárias na circulação sanguínea após decorrido esse período de tempo.

Os principais sinais clínicos apresentados por cães com dirofilariose são consequentes das lesões causadas por este parasita ao nível do coração e vasos sanguíneos próximos a este. Numa fase inicial, os animais apresentam poucos sinais clínicos, mas à medida que a doença evolui o animal passa a apresentar: tosse, falta de ar, diminuição do peso, coloração mais escura da língua, intolerância ao exercício e, após a instalação da insuficiência cardíaca, começa a ocorrer falência de órgãos, como fígado e rins, podendo haver um aumento do volume abdominal e um consequente edema pulmonar.

O diagnóstico desta doença deve ser realizado por um médico veterinário, com base em informações repassadas pelo proprietário do animal, junto ao exame clínico e exames complementares laboratoriais, como exames de sangue que detectam a presença das microfilárias na corrente sanguínea, ou exames sorológicos que detectam a presença de anticorpos; podem também serem feitos exames radiológicos do tórax, eletrocardiograma e ecocardiograma, além de exames que irão avaliar a função renal e hepática, em casos mais avançados da doença.

É muito importante a realização do tratamento, pois esta doença pode resultar em óbito do animal. Este é feito exterminando-se os vermes adultos, chamado de tratamento adulticida, e/ou das microfilárias, o tratamento microfilaricida, junto ao tratamento dos sintomas.

A profilaxia deve ser feita através de estratégias que impossibilitem o nascimento de novos vetores, que não permitam a infecção dos vetores já existentes e, também, que os já infectados não transmitam a doença. Outras medidas também podem ser adotadas, como a diminuição da população de vetores biológicos, através do uso de inseticidas. Existem estudos voltados ao desenvolvimento de uma vacina contra esta doença, porém não se chegaram ainda há nenhuma conclusão satisfatória.