O
que é Triquinose?
A triquinose é uma infecção parasitária que apresenta como agente
etiológico os parasitas nematódeos do gênero Trichinella, sendo
que a espécie de maior interesse para a medicina humana é o
Trichinella spiralis.
Trichinella spiralis |
O T. spiralis é um parasita pertencente à ordem dos nematóides,
que apresentam um gânglio cefálico, ou seja, um cérebro
rudimentar, e um aparelho digestório completo.
Este parasita é hospedeiro natural do rato, sendo transmitido de
geração para geração. Por acidente, as carcaças de ratos são
ingeridas por suínos, sendo, por conseguinte, ingerida por humanos
na carne ou nos subprodutos crus ou mal cozidos fabricados com a
carne suína. Estes parasitas penetram na mucosa intestinal do homem,
local onde maturam-se e multiplicam-se de forma sexuada, sendo que os
machos morrem logo após o acasalamento. As fêmeas grávidas geram
então, durante aproximadamente um mês, ovos que subseqüentemente
eclodem liberando as larvas que se disseminam pelo sangue e pela
linfa, alcançando as células-alvo, que são as células musculares
estriadas. As microlarvas invadem as células sem destruí-las, dando
origem a cápsulas em seu interior, local onde se aninham, adquirindo
a forma de espiral, permanecendo, deste modo, quiescentes por anos
até serem ingeridas por outro animal.
As manifestações clínicas variam de acordo com a quantidade de
larvas invasoras, dos tecidos comprometidos e do estado físico geral
do indivíduo acometido. Muitos indivíduos não apresentam nenhuma
sintomatologia. Normalmente, os sintomas intestinais iniciam-se
dentro de 1 a 2 dias após a ingestão do alimento infectado, havendo
também a presença de febre baixa. Contudo, é rara a manifestação
da larva durante os primeiros 7 a 15 dias pós-infecção.
Um dos primeiros e característicos sintomas é a tumefação das
pálpebras, que surge por volta do 11° dia pós-infecção.
Subseqüentemente aparecem hemorragias na esclera ocular e na parte
posterior dos olhos, dor ocular e fotossensibilidade. Em seguida há
o aparecimento de dor muscular, juntamente com uma erupção cutânea
e hemorragia abaixo das unhas. A dor é intensa nos músculos ligados
à respiração, mastigação e deglutição.
Os sintomas envolvem sede, sudorese profusa, febre, calafrios e
debilidade. No processo, por parte do organismo, de combate às
larvas fora dos músculos, pode haver a inflamação tanto dos
linfonodos, como do cérebro e das meninges; pode haver também
perturbações da visão e da audição. Também há a possibilidade
de ocorrer processo inflamatório dos pulmões, pleura e coração.
Não existe teste diagnóstico evidenciar a presença de larvas no
intestino. Contudo, quando estas encontram-se na musculatura, dentro
de um período de quatro semanas após ocorrida a infecção, é
possível observar por meio de uma biópsia do músculo, a presença
de larvar ou quistos. É muito rara a presença dos parasitas nas
fezes, sangue ou líquido cefalorraquidiano.
As análises sanguíneas são muito confiáveis, embora possam
fornecer resultados falso-negativos, especialmente quando são
realizados dentro das primeiras duas semanas de infecção.
Normalmente, a taxa eosinofílica começa a elevar-se perto da
segunda semana, atingindo seu pico entre a terceira e quarta semana,
declinando, por conseguinte, gradativamente. Os testes cutâneos não
são confiáveis.
A profilaxia dessa parasitose é feita por meio do cozimento adequado
da carne de porco e seus derivados. As larvas também morrem quando
submetidas a temperaturas inferiores a -15°C por 3 semanas, ou a
-20°C durante um dia. A prevenção deve ser realizada também em
pocilgas, evitando que os suínos ingiram cadáveres de roedores.
Os fármacos de eleição para o tratamento desta doença são o
mebendazol e o tiabendazol, administrados por via oral. O repouso
auxilia no alívio da dor muscular; todavia, é possível que seja
necessária a administração de analgésicos, como a aspirina ou a
codeína. Determinados corticosteróides, como a prednisolona, podem
ser usados para diminuir o quadro inflamatório cardíaco e
encefálico.
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