O que é
Anisakíase?
Anisakíase é o termo usado geralmente para nomear a forma da doença
aguda de doença parasítica no trato gastrointestinal dos seres
humanos. A doença manifesta-se usualmente por cólicas abdominais e
vômitos, resultante da ingestão de peixes do mar crus ou mal
cozidos contaminados com a larva. A larva em movimento faz uma cova
na parede do estômago produzindo ulceração com náusea, vômitos e
dor epigástrica, algumas vezes, com hematêmese. As larvas podem
migrar para a parte superior atacando a orofaringe e causando tosse.
No intestino delgado, elas causam abscessos eosinofílicos, e os
sintomas podem ser similares a uma apendicite ou enterite regional.
Com o tempo, pode haver perfuração da cavidade peritoneal.
Raramente as larvas atingem o intestino grosso.
Na América do Norte, a anisakíase é diagnosticada mais
freqüentemente quando o indivíduo afetado sente formigamento ou
cócegas na garganta e quando os vermes saem com a tosse ou são
extraídos manualmente.
Agente etiológico: nematódios larvais da família Anisakinae,
gênero Anisakis e Pseudoterranova. O Anisakis simplex (vermes do
arenque), Pseudoterranova decipiens (Phocanema, Terranova) (verme do
bacalhau ou da foca), Contracaecum spp., e Hysterothylacium
(Thynnascaris) spp. são anisakideos, nematelmintos (vermes redondos)
que têm sido implicados em infecções humanas causadas pelo consumo
frutos do mar crus ou mal cozidos.
Menos de 10 casos de anisakíase são diagnosticados nos EUA
anualmente. É muito comum no Japão devido aos sushis e sashimis,
também comum na Holanda, na Escandinávia e na costa do Pacífico da
América Latina. No Brasil não há notificação de casos, embora há
estudos mostrando a existência de peixes contaminados como o
dourado, anchova, pargo e peixe-espada na costa brasileira,
especialmente no litoral nordeste. Também há relatos de bacalhau
importado contaminado analisado pelo Instituto Adolfo Lutz nos anos
de 1997 e 1998. Entretanto, suspeita-se que muitos casos não estejam
sendo detectados. A doença é transmitida por peixes e marisco crus,
mal cozidos ou insuficientemente congelados ou mal preparados, e sua
incidência deve aumentar com a popularidade crescente de
restaurantes de sushis e sashimis.
Diagnóstico:
nos casos onde o paciente vomita ou tosse o vermes, a doença pode
ser diagnosticada pelo exame morfológico do nematódio (os Ascaris
lumbricoides, a lombriga dos seres humanos, são um parente terrestre
dos anisakinaes e às vezes estas larvas rastejam para cima, chegando
na garganta e nas narinas). Outros casos podem requerer uma
endoscopia para se visualizar o interior do estômago e da primeira
parte do intestino delgado. Estes dispositivos devem ser equipados
com um fórceps mecânico que pode ser usado para remover o parasita.
Outras casos são diagnosticados mediante o achado de lesões
granulomatosas com o verme na laparotomia. Há um teste baseado em
reação alérgica específica para a anasakíase, ainda em
desenvolvimento.
Curso
e complicações usuais da doença: os casos severos de anisakiases
são extremamente dolorosos e requerem a intervenção cirúrgica. A
remoção física do nematódio da lesão é o único método
conhecido para reduzir a dor e eliminar a causa (à exceção de
esperar os vermes morrerem). Os sintomas persistem aparentemente
depois que os anisakis morrem enquanto algumas lesões permanecem
próximas ao local onde foi feita a remoção cirúrgica, contendo
somente restos do nematódio. A estenose (estreitamento e
endurecimento) do esfincter pilórico foi relatado em um caso em que
a laparotomia exploratória revelou um anisakis que não foi
removido.
Os frutos do mar são as fontes principais de infecções humanas
com estas larvas de nematódios. Os adultos do A. simplex são
encontrados nos estômagos das baleias e dos golfinhos. Os ovos
fertilizados do parasita fêmea saem do hospedeiro junto com suas
fezes. Na água do mar, os ovos embrionados se desenvolvem em larvas
e eclodem na água do mar. Estas larvas são infectantes aos
copépodes (pequenos crustáceos relacionados ao camarão) e a outros
invertebrados pequenos. As larvas crescem no invertebrado e tornam-se
infectantes para o hospedeiro seguinte, um peixe ou invertebrado
maior, tal como uma lula. As larvas podem penetrar através do trato
digestivo nos músculos deste segundo hospedeiro. Alguma evidência
existe de que as larvas dos nematódios se movem das vísceras para a
carne dos peixes hospedeiros, se estes não forem prontamente
eviscerados após a captura. Os ciclos de vida de todos os gêneros
restantes de anisakideos implicados em infecções humanas são
similares. Estes parasitas são encontrados freqüentemente na carne
do bacalhau, hadoque, linguado, salmões do pacífico, arenque e
outros.
Esta doença foi conhecida primeiramente através de casos
individuais. O Japão tem o maior número de casos relatados por
causa do grande volume de peixes crus consumidos neste país. O
Jornal de Medicina New England (319:1128-29, 1988) registra em um
artigo 50 casos de anisakíase nos EUA, até 1988. Três casos na
área da baía do San Francisco envolveram o ingestão de sushi ou de
peixes pouco cozidos. Sabe-se que anasakíase pode facilmente ser
confundida com a apendicite aguda com a doença de Crohn, úlcera
gástrica, câncer gastrointestinal.
Medidas
de controle:
- Medidas preventivas - evitar a ingestão de peixes e frutos do mar crus ou mal cozidos. A temperatura recomendada para a inativação dos parasitas é de 60 º C por 10 minutos, ou congelamento por - 35 º C. Em temperaturas de -23 º C é necessário o congelamento por pelo menos 7 dias para matar a larva. A irradiação é um método efetivo para matar o parasita. Recomenda-se também a evisceração dos peixes logo em seguida à pesca para evitar a penetração das larvas dos mesentérios para os músculos;
- Controle dos casos - notificação à vigilância epidemiológica e investigação epidemiológica e sanitária.
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