domingo, 11 de novembro de 2012

Dipilidiose

O que é Dipilidiose?

A dipilidiose é uma doença, que acomete tanto animais quanto o homem (hospedeires definitivos). É mais comumente encontrado em cães, menos em gatos e em outros carnívoros silvestres. Embora nos cães, este parasita seja pouco patogênico, sua prevalência pode alcançar cerca de 60% de cães infectados em determinadas regiões.

Possui como agente etiológico o parasita Dipylidium caninum, que é um cestóide semelhante à tênia, transmitido por pulgas ou, em menor escala, por piolhos mastigadores (hospedeiros intermediários). Possui um corpo segmentado, cuja cabeça, mais conhecida como escoléx, fixa-se no intestino do hospedeiro definitivo, e seu corpo, dividido em segmentos, conhecidos como proglótides, destacam-se deste cestóide e são liberados com as fezes.

Ova do parasita

A larva da pulga infecta-se ingerindo ovos eliminados ao ambiente junto às fezes do hospedeiro definitivo infectado. Nestas larvas, os ovos continuam sua evolução, enquanto a larva da pulga se transforma em adulta e passa a parasitar o animal. Quando este ingere acidentalmente a pulga contaminada, o D. caninum alcança o final do seu ciclo, crescendo e transformando-se em adulto no intestino do hospedeiro definitivo.

As crianças são as mais acometidas por este tipo de parasitose, apresentando como manifestações clínicas irritabilidade, insônia e perda de apetite; dores abdominais (cólicas), diarréia e prurido anal são frequentes. Todavia, a doença não é grave. Já nos animais, o sintoma mais comum é prurido anal ocasionalmente, porém pode haver também diarréia e a presença do parasita nas fezes.

A profilaxia da dipilidiose humana é feita com maior eficácia por meio do controle de pulgas nos animais, utilizando inseticidas adequados, além da realização de uma vermifugação sistemática dos animais.

Himenolepíase

O que é Himenolepíase?

Himenolepíase é uma verminose causada pelo Hymenolepis nana, que é um parasita cosmopolita, mais frequente em regiões de clima quente. A densidade populacional e o hábito de viver em ambientes fechados são dois fatores muito importantes na determinação da incidência dessa verminose. A resistência de até 10 dias dos ovos do parasita em meio externo, os maus hábitos higiênicos, a ingestão acidental de alimentos e bebidas contaminados são formas bastante comuns de se contrair a himenolepíase.

No organismo, o Hymenolepis nana causa diversos sintomas no indivíduo, que varia em relação ao número de parasitas e a idade em que este indivíduo se encontra. São mais evidentes em crianças e se caracterizam principalmente por diarréias, dor abdominal, agitação, insônia, irritabilidade, raramente ocorrendo sintomas nervosos, dos quais os mais penosos são ataques epilépticos em formas variadas, incluindo cianos, perda de consciência e convulsões. Além disto, o verme pode causar extensas lesões na mucosa intestinal com pequenas ulcerações e perda de peso. O habitat principal do verme adulto é no intestino delgado, principalmente no íleo e jejuno do homem.

Os ovos de Hymenolepis nana possuem forma elíptica. A casca é formada por duas membranas separadas por largo espaço claro, são finas e transparentes deixando ver em seu interior o embrião hexacanto ou oncosfera com seus seis ganchos. Possuem ainda duas pequenas saliências polares chamadas mamelões, das quais partem filamentos. As larvas são pequenas, formadas por um escólex invaginado e envolvido por uma membrana. Contém pequena quantidade de líquido e são denominadas de larvas cisticercóides.



Os vermes adultos possuem o corpo achatado, de cor esbranquiçada. Medem geralmente cerca de 3 a 5 centímetros, porém seu comprimento varia em proporção inversa ao número de exemplares presentes no intestino.

O corpo dos vermes adultos estão divididos em três partes:
Cabeça ou escólex: Apresenta 4 ventosas e um rosto-retrátil armado de ganchos
Colo: Longo e sem segmentação
Estróbilo: Constituído de cerca de 100 a 200 proglotes bastante estreitos. Cada um destes possui genitália masculina e feminina. Os anéis grávidos apresentam-se repletos de ovos e quando se desprendem do estróbilo se rompem liberando os ovos.


Assim como em outras verminoses, para diagnosticar a himenolepíase é necessário fazer um exame de fezes, que com auxílio do método HPJ, o diagnóstico é dado pelo encontro de ovos nas fezes. O tratamento geralmente é feito com o uso dos fármacos praziquantel ou niclosamida. Porém, é fundamental procurar um médico em caso de suspeita da doença.



toxocaríase

O que é toxocaríase?

A toxocaríase, também conhecida como Síndrome da Larva Migrans Visceral (SLMV), é causada por parasita pertencente ao gênero Toxocara, filo Nemathelmintes, classe Nematoda, ordem Ascaroidea, família Ascaridae e subfamília Ascarinae. Este gênero possui 21 espécies, sendo que as se destacam são a Toxocara canis e a Toxocara catti, que atacam cães e gatos, respectivamente. Esta doença é uma antropozoonose de distribuição mundial. Este parasita tem como hospedeiro definitivo os animais, mas pode atacar o homem acidentalmente.

 Toxocara canis

Dentre todos os agentes causadores da SLMV, o T. canis apresenta características peculiares de ciclo biológico e padrão de migração larvária, sendo assim a espécie mais frequentemente causadora da doença.

Em cães, a infecção é mais comumente observada em cadelas prenhes e lactantes, bem como nos seus filhotes, pois ocorre a contaminação destes por via transplacentária e transmamária. Após o nascimento, o parasita completa o ciclo nesses filhotes dentro de três a quatro semanas de vida, eliminando os ovos deste parasita junto com as fezes. Além deste tipo de infecção os cães podem infectar-se através da ingestão de ovos infectantes, de larvas em tecidos de hospedeiros paratênicos, ou ainda, ingestão pela cadela de larvas do T. canis presente nas fezes ou vômitos dos seus filhotes, quando esta fizer a higienização dos mesmos.

Após a entrada do ovo embrionado no organismo, este irá liberar a larva no estômago e intestino delgado, que irão penetrar na mucosa intestinal, alcançarem a circulação linfática ou sangüínea, chegando ao fígado dentre de um período de 24 horas. Em seguida, irão atingir o coração e os pulmões através da corrente sanguínea. As larvas presentes nos pulmões podem passar dos bronquíolos para a traquéia e faringe, sendo então deglutidas (rota traqueal). Após ocorrida duas mudas, estas larvas irão tornar-se vermes na luz do intestino, passando a colocar ovos que aparecerão nas fezes dentro de 4 a 5 semanas após ocorrida a infecção.

A rota traqueal, geralmente acontece em filhotes com menos de 5 semanas de vida, enquanto que em animais mais velhos, as larvas migram do pulmão para o coração e, em seguida, para todos os tecidos do hospedeiro, permanecendo quiescentes, podendo sobreviver por muitos anos. Depende muito da espécie do animal, mas os lugares preferencialmente acometidos são: fígado, rins, pulmões, músculos e cérebro.

Já o homem pode adquirir este parasita através da ingestão de ovos que contenham a larva em estágio infectante. No intestino haverá a eclosão destes ovos que irão liberar a larva que penetrará na mucosa intestinal. Esta irá migrar pela circulação porta até o fígado, onde pode ser encapsulado ou migrar para os pulmões e coração, sendo disseminado pela circulação sistêmica. Pode haver lesão das paredes dos vasos, podendo haver hemorragias, necrose e processos inflamatórios, que podem resultar no encapsulamento fibroso dessas larvas no tecido acometido, permanecendo viáveis por muito tempo.

Nos cães, os sinais clínicos mais comuns são: diarréia, flatulência, distensão abdominal, desidratação e atraso no desenvolvimento. Quando as larvas passam pelos pulmões, pode haver tosse e quadro de pneumonia. A migração larval pode resultar em alterações como celulite orbital, e em infecções muito grandes, pode levar o animal à morte. Em relação às alterações hematológicas, eosinofilia é considerada a principal.

No homem, a infecção pode ser assintomática, mas as manifestações clínicas irão depender de fatores como: quantidade de carga parasitária, padrão da migração larvária e resposta imune do hospedeiro.

Atualmente, são descritas três formas de manifestações clínicas:
  • Toxocaríase visceral
  • Toxocaríase ocular isolada
  • Apresentações atípicas

O diagnóstico em cães pode ser o clínico, com a observação de proeminência de abdome, anorexia, diarréia, pneumonia e presença de parasitas imaturos em vômito. Para a confirmação, pode ser feito testes laboratoriais através da constatação e identificação microscópica de ovos em exame de fezes do cão, através do Método de Flutuação. Em relação ao diagnóstico no homem, é feito através de métodos indiretos, com detecção de altos níveis de anticorpo IgG anti-Toxocara canis na corrente sanguínea ou fluídos corporais. O método de diganóstico mais utilizado é o teste de E.L.I.S.A.

Para o tratamento e controle desta doença recomenda-se:

  • Eliminar os parasitas dos animais infectados;
  • Prevenir a contaminação do ambiente por fezes de cães;
  • Reduzir a população canina;
  • Fazer um programa de educação da população sobre o potencial zoonótico desses nematódeos.

O ideal é fazer um esquema de tratamento anti-helmíntico dos filhotes, para evitar que as larvas do T. canis cheguem à forma adulta e liberem ovos. A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda realizar o tratamento na segunda, quarta, sexta e oitava semanas de vida dos cães. O medicamento mais utilizado no tratamento de animais com infecção instalada é o febendazole, na dose de 20 mg/kg. Nos cães adultos, é muito raro a toxocaríase, mas quando ocorre a dose recomendada é a de 50 mg/ kg.

Fasciolíase

O que é Fasciolíase?

A fasciolose, também chamada de fasciolíase, é uma doença causada pelo parasita Fasciola hepatica e, certas vezes, pela Fasciola gigantica. São parasitas dos canais biliares de bovinos, ovinos, caprinos, suínos, equinos e, raramente, do homem, sendo mais comum nos ruminantes.

Fasciola hepatica
Os parasitas presentes nos canais biliares irão lançar os ovos pela bile que irão ser eliminados juntos com as fezes. Quando em ambiente aquático irão dar origem aos miracídios dentro de 9 a 25 dias, estes nadam livremente na água até encontrar um caramujo de água doce, pertencente ao gênero Lymnaea, penetrando nestes, alojando-se nos seus tecidos passando para a forma de esporocistos, onde em seu interior, formam-se as rédias que se multiplicando de forma assexuada neste hospedeiro intermediário.

Dentro das rédias são formadas as cercarias que irão deixar o hospedeiro intermediário, ficando aderidas à superfície das plantas aquáticas, passando a receber o nome de metacercária, que serão ingeridas pelos herbívoros quando este alimentar-se das plantas. Quando se trata do homem, o vegetal ingerido é o agrião. No trato digestivo as metacercárias irão perfurar a mucosa intestinal, alcançando o fígado, permanecendo em seu parênquima por cerca de dois meses. Após esse tempo, irão alojar-se nos canais biliares, local onde irão atingir a maturidade sexual, reproduzindo-se assexuadamente, iniciando novamente o ciclo.

O curso da doença nos ruminantes pode ser agudo ou crônico, sendo que a fasciolose crônica é mais comum. A aguda consiste, basicamente, em uma hepatite traumática gerada pela migração simultânea de um grande número de parasitas. A partir de seis semanas após a infecção as manifestações clínicas se tornam mais evidentes, com anorexia e dor abdominal ao toque. Em casos crônicos, são poucos os sinais clínicos, quando há. Existem características que aparentemente são constantes, como perda de apetite e palidez das mucosas; edemas submandibulares e do úbere podem ser observados ocasionalmente. Icterícia praticamente não é observada no animal vivo. Pode ocorrer queda na produção de lã em ovinos, sem aparentes sintomas da faciolose. Ocorrem também alterações nas proteínas séricas, nas células sanguíneas, com o aparecimento de uma anemia normocítica normocrômica.

Já nos humanos, como são hospedeiros acidentais, a carga parasitária é bem menor e, consequentemente, as lesões também.
No homem, o diagnóstico desta doença só pode ser feito três meses depois de ocorrida a infecção, pois é quando os ovos começarão a ser eliminados nas fezes, sendo visualizados através de técnicas de microscopia. Como este diagnóstico não é conclusivo, recomenda-se o teste de ELISA, imunofluorescência e reação de fixação de complemento. Pode também ser feita a técnica de intradermorreação através da inoculação de antígenos. Podem ser realizados exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética. Nos animais também é feito exame de fezes e ELISA.

O tratamento é feito com a administração do triclabendazol. Para o homem, a profilaxia é feita evitando-se o consumo de agrião cru, principalmente quando são irrigados por água de rio, ou adubados com estrumes. Quanto ao controle e profilaxia nos animais, os que estiverem infectados devem ser tratados, evitando, na medida do possível, que defequem perto da água. Também deve ser feito um controle da população de caramujos Lymnaea, utilizando-se mulusquicidas, além da drenagem das pastagens alagadas.

Triquinose

O que é Triquinose?

A triquinose é uma infecção parasitária que apresenta como agente etiológico os parasitas nematódeos do gênero Trichinella, sendo que a espécie de maior interesse para a medicina humana é o Trichinella spiralis.

Trichinella spiralis
O T. spiralis é um parasita pertencente à ordem dos nematóides, que apresentam um gânglio cefálico, ou seja, um cérebro rudimentar, e um aparelho digestório completo.

Este parasita é hospedeiro natural do rato, sendo transmitido de geração para geração. Por acidente, as carcaças de ratos são ingeridas por suínos, sendo, por conseguinte, ingerida por humanos na carne ou nos subprodutos crus ou mal cozidos fabricados com a carne suína. Estes parasitas penetram na mucosa intestinal do homem, local onde maturam-se e multiplicam-se de forma sexuada, sendo que os machos morrem logo após o acasalamento. As fêmeas grávidas geram então, durante aproximadamente um mês, ovos que subseqüentemente eclodem liberando as larvas que se disseminam pelo sangue e pela linfa, alcançando as células-alvo, que são as células musculares estriadas. As microlarvas invadem as células sem destruí-las, dando origem a cápsulas em seu interior, local onde se aninham, adquirindo a forma de espiral, permanecendo, deste modo, quiescentes por anos até serem ingeridas por outro animal.

As manifestações clínicas variam de acordo com a quantidade de larvas invasoras, dos tecidos comprometidos e do estado físico geral do indivíduo acometido. Muitos indivíduos não apresentam nenhuma sintomatologia. Normalmente, os sintomas intestinais iniciam-se dentro de 1 a 2 dias após a ingestão do alimento infectado, havendo também a presença de febre baixa. Contudo, é rara a manifestação da larva durante os primeiros 7 a 15 dias pós-infecção.

Um dos primeiros e característicos sintomas é a tumefação das pálpebras, que surge por volta do 11° dia pós-infecção. Subseqüentemente aparecem hemorragias na esclera ocular e na parte posterior dos olhos, dor ocular e fotossensibilidade. Em seguida há o aparecimento de dor muscular, juntamente com uma erupção cutânea e hemorragia abaixo das unhas. A dor é intensa nos músculos ligados à respiração, mastigação e deglutição.

Os sintomas envolvem sede, sudorese profusa, febre, calafrios e debilidade. No processo, por parte do organismo, de combate às larvas fora dos músculos, pode haver a inflamação tanto dos linfonodos, como do cérebro e das meninges; pode haver também perturbações da visão e da audição. Também há a possibilidade de ocorrer processo inflamatório dos pulmões, pleura e coração.

Não existe teste diagnóstico evidenciar a presença de larvas no intestino. Contudo, quando estas encontram-se na musculatura, dentro de um período de quatro semanas após ocorrida a infecção, é possível observar por meio de uma biópsia do músculo, a presença de larvar ou quistos. É muito rara a presença dos parasitas nas fezes, sangue ou líquido cefalorraquidiano.

As análises sanguíneas são muito confiáveis, embora possam fornecer resultados falso-negativos, especialmente quando são realizados dentro das primeiras duas semanas de infecção. Normalmente, a taxa eosinofílica começa a elevar-se perto da segunda semana, atingindo seu pico entre a terceira e quarta semana, declinando, por conseguinte, gradativamente. Os testes cutâneos não são confiáveis.

A profilaxia dessa parasitose é feita por meio do cozimento adequado da carne de porco e seus derivados. As larvas também morrem quando submetidas a temperaturas inferiores a -15°C por 3 semanas, ou a -20°C durante um dia. A prevenção deve ser realizada também em pocilgas, evitando que os suínos ingiram cadáveres de roedores.

Os fármacos de eleição para o tratamento desta doença são o mebendazol e o tiabendazol, administrados por via oral. O repouso auxilia no alívio da dor muscular; todavia, é possível que seja necessária a administração de analgésicos, como a aspirina ou a codeína. Determinados corticosteróides, como a prednisolona, podem ser usados para diminuir o quadro inflamatório cardíaco e encefálico.

Anisakíase (RARA NO BRASIL)

O que é Anisakíase?

Anisakíase é o termo usado geralmente para nomear a forma da doença aguda de doença parasítica no trato gastrointestinal dos seres humanos. A doença manifesta-se usualmente por cólicas abdominais e vômitos, resultante da ingestão de peixes do mar crus ou mal cozidos contaminados com a larva. A larva em movimento faz uma cova na parede do estômago produzindo ulceração com náusea, vômitos e dor epigástrica, algumas vezes, com hematêmese. As larvas podem migrar para a parte superior atacando a orofaringe e causando tosse. No intestino delgado, elas causam abscessos eosinofílicos, e os sintomas podem ser similares a uma apendicite ou enterite regional. Com o tempo, pode haver perfuração da cavidade peritoneal. Raramente as larvas atingem o intestino grosso.

Na América do Norte, a anisakíase é diagnosticada mais freqüentemente quando o indivíduo afetado sente formigamento ou cócegas na garganta e quando os vermes saem com a tosse ou são extraídos manualmente.

Agente etiológico: nematódios larvais da família Anisakinae, gênero Anisakis e Pseudoterranova. O Anisakis simplex (vermes do arenque), Pseudoterranova decipiens (Phocanema, Terranova) (verme do bacalhau ou da foca), Contracaecum spp., e Hysterothylacium (Thynnascaris) spp. são anisakideos, nematelmintos (vermes redondos) que têm sido implicados em infecções humanas causadas pelo consumo frutos do mar crus ou mal cozidos.




Menos de 10 casos de anisakíase são diagnosticados nos EUA anualmente. É muito comum no Japão devido aos sushis e sashimis, também comum na Holanda, na Escandinávia e na costa do Pacífico da América Latina. No Brasil não há notificação de casos, embora há estudos mostrando a existência de peixes contaminados como o dourado, anchova, pargo e peixe-espada na costa brasileira, especialmente no litoral nordeste. Também há relatos de bacalhau importado contaminado analisado pelo Instituto Adolfo Lutz nos anos de 1997 e 1998. Entretanto, suspeita-se que muitos casos não estejam sendo detectados. A doença é transmitida por peixes e marisco crus, mal cozidos ou insuficientemente congelados ou mal preparados, e sua incidência deve aumentar com a popularidade crescente de restaurantes de sushis e sashimis.

Diagnóstico: nos casos onde o paciente vomita ou tosse o vermes, a doença pode ser diagnosticada pelo exame morfológico do nematódio (os Ascaris lumbricoides, a lombriga dos seres humanos, são um parente terrestre dos anisakinaes e às vezes estas larvas rastejam para cima, chegando na garganta e nas narinas). Outros casos podem requerer uma endoscopia para se visualizar o interior do estômago e da primeira parte do intestino delgado. Estes dispositivos devem ser equipados com um fórceps mecânico que pode ser usado para remover o parasita. Outras casos são diagnosticados mediante o achado de lesões granulomatosas com o verme na laparotomia. Há um teste baseado em reação alérgica específica para a anasakíase, ainda em desenvolvimento.

Curso e complicações usuais da doença: os casos severos de anisakiases são extremamente dolorosos e requerem a intervenção cirúrgica. A remoção física do nematódio da lesão é o único método conhecido para reduzir a dor e eliminar a causa (à exceção de esperar os vermes morrerem). Os sintomas persistem aparentemente depois que os anisakis morrem enquanto algumas lesões permanecem próximas ao local onde foi feita a remoção cirúrgica, contendo somente restos do nematódio. A estenose (estreitamento e endurecimento) do esfincter pilórico foi relatado em um caso em que a laparotomia exploratória revelou um anisakis que não foi removido.

Os frutos do mar são as fontes principais de infecções humanas com estas larvas de nematódios. Os adultos do A. simplex são encontrados nos estômagos das baleias e dos golfinhos. Os ovos fertilizados do parasita fêmea saem do hospedeiro junto com suas fezes. Na água do mar, os ovos embrionados se desenvolvem em larvas e eclodem na água do mar. Estas larvas são infectantes aos copépodes (pequenos crustáceos relacionados ao camarão) e a outros invertebrados pequenos. As larvas crescem no invertebrado e tornam-se infectantes para o hospedeiro seguinte, um peixe ou invertebrado maior, tal como uma lula. As larvas podem penetrar através do trato digestivo nos músculos deste segundo hospedeiro. Alguma evidência existe de que as larvas dos nematódios se movem das vísceras para a carne dos peixes hospedeiros, se estes não forem prontamente eviscerados após a captura. Os ciclos de vida de todos os gêneros restantes de anisakideos implicados em infecções humanas são similares. Estes parasitas são encontrados freqüentemente na carne do bacalhau, hadoque, linguado, salmões do pacífico, arenque e outros.

Esta doença foi conhecida primeiramente através de casos individuais. O Japão tem o maior número de casos relatados por causa do grande volume de peixes crus consumidos neste país. O Jornal de Medicina New England (319:1128-29, 1988) registra em um artigo 50 casos de anisakíase nos EUA, até 1988. Três casos na área da baía do San Francisco envolveram o ingestão de sushi ou de peixes pouco cozidos. Sabe-se que anasakíase pode facilmente ser confundida com a apendicite aguda com a doença de Crohn, úlcera gástrica, câncer gastrointestinal.

Medidas de controle:
  • Medidas preventivas - evitar a ingestão de peixes e frutos do mar crus ou mal cozidos. A temperatura recomendada para a inativação dos parasitas é de 60 º C por 10 minutos, ou congelamento por - 35 º C. Em temperaturas de -23 º C é necessário o congelamento por pelo menos 7 dias para matar a larva. A irradiação é um método efetivo para matar o parasita. Recomenda-se também a evisceração dos peixes logo em seguida à pesca para evitar a penetração das larvas dos mesentérios para os músculos;
  • Controle dos casos - notificação à vigilância epidemiológica e investigação epidemiológica e sanitária.

Dirofilariose

O que é Dirofilariose?

A dirofilariose, também conhecida como verme do coração, é uma zoonose, causada pelo filarídio Dirofilaria immitis que ataca preferencialmente cães, mas também outros mamíferos domésticos e até mesmo o homem. Esta enfermidade é muito comum em cidades litorâneas e de clima quente, no entanto há o relato de vários casos em cidades interlitorâneas longe do litoral. Ela é transmitida por mosquitos fêmeas do gênero Aedes, Culex e Anopheles.

Dirofilaria immitis

O mosquito infecta-se ingerindo o sangue de um animal contaminado e quando for sugar outro animal sadio e após um período de 10 a 15 dias desta ingestão de microfilárias, estas irão transformar-se em larvas infectantes e serão transmitidas quando o mosquito sugar outro cão. Cerca de 90 dias após o parasita entrar no organismo do cão, ele irá desenvolver-se e instalar-se no átrio direito e veia cava do coração, e este processo pode demorar cerca de 6 meses podendo ser encontradas microfilárias na circulação sanguínea após decorrido esse período de tempo.

Os principais sinais clínicos apresentados por cães com dirofilariose são consequentes das lesões causadas por este parasita ao nível do coração e vasos sanguíneos próximos a este. Numa fase inicial, os animais apresentam poucos sinais clínicos, mas à medida que a doença evolui o animal passa a apresentar: tosse, falta de ar, diminuição do peso, coloração mais escura da língua, intolerância ao exercício e, após a instalação da insuficiência cardíaca, começa a ocorrer falência de órgãos, como fígado e rins, podendo haver um aumento do volume abdominal e um consequente edema pulmonar.

O diagnóstico desta doença deve ser realizado por um médico veterinário, com base em informações repassadas pelo proprietário do animal, junto ao exame clínico e exames complementares laboratoriais, como exames de sangue que detectam a presença das microfilárias na corrente sanguínea, ou exames sorológicos que detectam a presença de anticorpos; podem também serem feitos exames radiológicos do tórax, eletrocardiograma e ecocardiograma, além de exames que irão avaliar a função renal e hepática, em casos mais avançados da doença.

É muito importante a realização do tratamento, pois esta doença pode resultar em óbito do animal. Este é feito exterminando-se os vermes adultos, chamado de tratamento adulticida, e/ou das microfilárias, o tratamento microfilaricida, junto ao tratamento dos sintomas.

A profilaxia deve ser feita através de estratégias que impossibilitem o nascimento de novos vetores, que não permitam a infecção dos vetores já existentes e, também, que os já infectados não transmitam a doença. Outras medidas também podem ser adotadas, como a diminuição da população de vetores biológicos, através do uso de inseticidas. Existem estudos voltados ao desenvolvimento de uma vacina contra esta doença, porém não se chegaram ainda há nenhuma conclusão satisfatória.

Oncocercose

 
O que é Oncocercose?

A oncocercose, conhecida também como “cegueira dos rios” ou “mal do garimpeiro”, é uma doença provocada pelo parasita nematódeo Onchocerca volvulus, que acomete exclusivamente os humanos.

Sua transmissão é feita pelo mosquito Simulium spp., popularmente conhecidos como piúm (região norte) ou borrachudo (demais regiões). Quando este inseto pica um hospedeiro infectado, acaba sugando microfilárias junto com o sangue. Estas, por sua vez, maturam-se no interior do corpo do mosquito, ocorrendo a transformação destas para formas infecciosas, sendo, por conseguinte, injetadas na circulação sanguínea de outro indivíduo picado pelo inseto.

A doença é caracterizada pelo surgimento de nódulos subcutâneos fibrosos, também chamados de oncocercomas, sobre superfícies ósseas em diversas regiões do corpo. Esses nódulos são móveis, não causam dor e são neles que encontram-se os parasitas no estágio adulto. Os machos podem percorrer o corpo do hospedeiro, migrando de nódulo em nódulo, fecundando as fêmeas que encontram-se enoveladas nestas estrutura. Por dia, esses parasitas apresentam a capacidade de gerar até 3.800 larvas, que recebem o nome de microfilárias. Essa doença não leva ao óbito, mas pode causar cegueira nos indivíduos portadores.

As microfilárias alcançam diferentes partes do organismo, como olhos, linfa, urina, saliva, líquor e, às vezes, até a corrente sanguínea. Embora algumas possam maturar em outras localizações dentro do organismo, gerando novos nódulos, a maior parte morre devido ao combate por parte do sistema imunológico.

Inicialmente (aproximadamente 1 ano após a infecção) surgem os sintomas que dizem respeito às formas adultas, que, basicamente, trata-se da formação dos nódulos. Após o início da produção das microfilárias, há o surgimento de sintomas mais sérios. A resposta positiva do sistema imunológico à disseminação das microfilárias pela corrente sanguínea e linfática resulta no aparecimento do prurido e exantemas cutêneos, levando à perda de elasticidade da pele e aparecimento de pápulos, regiões despigmentadas e inflamação dos linfonodos (adenopatia), além de febre. No caso das microfilárias migrarem para o globo ocular, ocorre reações de levam à fibrose dessa região, e também, acúmulo de complexos de anticorpos, resultando primeiramente em conjuntivite com fotofobia e, certas vezes, perda total da visão, normalmente em ambos os olhos. Em raras ocasiões pode ocorrer elefantíase do escroto e membros inferiores quando existem nódulos obstruindo os canais linfáticos presentes nessa região.

A suspeita é obtida por meio das manifestações clínicas, juntamente com o histórico epidemiológico. A confirmação é feita por meio da identificação do verme adulto ou microfilárias através de diversos exames, como biópsia de nódulo ou pele, punção por agulha e aspiração do nódulo, exame oftalmoscópio do humor aquoso, urina, ou também, através de testes de imunidade, como imunofluorescência, ELISA, PCR e intradermorreação.

O tratamento é feito por meio da administração de ivermectina no combate das microfilárias, sendo este pouco eficaz contra as formas adultas. Os oncocercomas são retirados cirurgicamente. Antigamente o tratamento das microfilárias era feito utilizando-se antiparasitários, ainda utilizados na prevenção em regiões endêmicas. No entanto, a evidenciação de que as microfilárias dependem de bactérias rickettsias endossimbiontes presentes no interior de seus corpos, resultou na criação da terapia feita com doxiciclina.

Em áreas endêmicas aconselha-se o uso de roupas que cubram a maior parte do corpo, repelentes de insetos e redes. Todavia, a erradicação dos insetos transmissores com inseticidas é a única medida a longo prazo, e tem sido exercida em programas da OMS em zonas endêmicas, juntamente com a administração maciça de medicamentos antiparasitários às populações, obtendo-se bons resultados.



Hidatidose

O que é Hidatidose?

A hidatidose consiste em uma doença parasitária grave que se caracteriza pela formação de vesículas em diversos órgãos dos mamíferos domésticos e do homem. O agente etiológico desta enfermidade é o platelminto Echinococcus granulosus e Echinococcus vogeli, que tem como hospedeiro definitivo os canídeos (cão, raposa e lobo); bovinos, ovinos, caprinos, equinos, suínos e roedores são os hospedeiros intermediários; e o homem, hospedeiro acidental.
É considerada uma infecção ciclozoonótica de distribuição mundial, que provoca grandes prejuízos econômicos, além de representar um importante problema de saúde pública. Existem áreas consideradas endêmicas ou hiperêndemicas, como por exemplo, o sul do Brasil, tanto para ruminantes domésticos quanto para o homem.

Echinococcus granulosus
A contaminação do hospedeiro definitivo como, por exemplo, o cão, se dá através da ingestão de vísceras de outros hospedeiros que adquiriram a doença por ingerirem ovos do parasita, em seguida, o cão elimina no meio ambiente junto às fezes as proglotes grávidas contendo o ovo. Estes, por sua vez, irão contaminar o meio ambiente, sendo então ingeridos pelos hospedeiros intermediários, como por exemplo, um ruminante que ao ingerir os ovos. Estes irão, imediatamente, liberar larvas que penetram na mucosa do intestino alcançando diversos órgãos através da circulação linfática ou sanguínea, se fixando e formando o cisto hidático. O homem pode contaminar-se ao ingerir a carne do hospedeiro intermediário contaminada, ou então, ao ingerir ovos em vegetais ou na água contaminada.



 Os cistos hidáticos podem estar localizados em diferentes órgãos, preferencialmente no fígado, pulmões e o cérebro. Na grande parte dos casos, a doença é assintomática, no entanto os sinais clínicos podem ser observados conforme a localização do cisto e a intensidade do parasitismo. Podem ocorrer manifestações alérgicas, como tosse, coceira, crises asmáticas, lesões de pele, e quando há a ruptura do cisto hidático pode resultar em choque anafilático. Podem ser observados sintomas gástricos, febre, fadiga e náuseas.
 Nos animais, o diagnóstico geralmente é feito no momento do abate. Existem outras técnicas que podem ser utilizadas no animal vivo, quando o dignóstico post-mortem não é uma opção, como o exame radiográfico e a ultra-sonografia. Nos humanos o teste laboratorial utilizado é a Reação de Casoni, que consiste em uma reação urticariforme eritematosa da pele visualizada após ser administrada uma injeção de antígenos do fluído hidático intradermicamente. A confirmação é realizada através de exames de raio-x, tomografia e ecografia.
 O tratamento preferencial no humanos, é a remoção cirúrgica, quando não é possível fazer a cirurgia, o tratamento através de medicamentos é a opção viável.
Esta doença pode ser controlada através da adoção de medidas preventivas, como a vermifugação dos cães, não alimentar os cães com vísceras cruas de ovinos, realização da inspeção dos alimentos e implementação de educação sanitária pública eficiente.

Elefantíase

O que é Elefantíase?

A elefantíase (filariose linfática) é a filariose mais comum e é causada principalmente pelas espécies Wuchereria bancrofti e Brugia malayi. As larvas do parasita, denominadas microfilárias, são encontradas no sangue de indivíduos infectados e são ingeridas por animais que se alimentam de sangue (hematófagos). Depois de passar parte do ciclo vital dentro destes insetos, as microfilárias são transmitidas a pessoas sadias através de picadas durante uma nova ingestão de sangue. As microfilárias se alojam nos vasos linfáticos, sobretudo nos braços e pernas onde, depois de alguns meses, atingirão a maturidade sexual. Quando adultas, as filarias fêmeas (macrofilárias) podem viver entre 5 e 10 anos em seu hospedeiro e se reproduzem gerando milhares de larvas, as quais passam novamente à circulação sanguinea.
A espécie Wuchereria bancrofti é transmitida durante a noite pelas fêmeas dos mosquitos Anopheles, Mansonia e Culex e a espécie Brugia malayi é transmitida pelos mosquitos fêmeas (também de atividade noturna) Anopheles, Mansonia e Aedes.

Quando o quadro clínico aparece os sintomas iniciais estão relacionados com a resposta inflamatória subsequente à presença dos parasitas. A fase aguda ocorre com febre e calafrios que acontecem em intervalos irregulares, com ou sem inflamação de vasos linfáticos ou gânglios e reações inflamatórias das extremidades inferiores e genitais. Na medida em que a infecção se desenvolve, a presença dos vermes adultos nos vasos linfáticos provoca sua obstrução, impedindo o fluxo linfático normal, implicando no acúmulo de líquido pelo tecido, no engrossamento e hipertrofia dos tecidos afetados.

As formas mais frequentes de elefantíase são:
  • Elefantíase das pernas: o edema começa no dorso do pé e chega até o joelho, mas dificilmente chega aos quadris. Apresenta a pele muito grossa, com muita fibrose e superfície enrugada, fato que lembra a pele do elefante. A ulceração é frequente no tecido danificado.
  • Elefantíase do saco escrotal e do pênis: é uma das manifestações mais frequentes, com grande crescimento destas partes, devido a sua natureza pendente.
  • Elefantíase de braços, mamas ou vulva: são zonas mais raramente afetadas com mudanças na pele semelhantes as das pernas.
O diagnóstico de qualquer uma das filarioses passa pela observação clínica de algum dos sintomas associados à doença.




Bicho Geográfico

O que é Bicho Geográfico?

A larva Migrans cutânea, popularmente conhecida como bicho geográfico, é uma dermatozoonose causada por um nematódeo, que ataca cães e gatos e, eventualmente, o homem. A espécie que ataca os gatos é o Ancylostoma braziliense, já a que ataca os cães é o Ancylostoma caninum.

Os humanos se contaminam ao entrarem em contato com as fezes contaminadas desses animais, sendo que os locais mais comuns são gramados, tanques de areias em parques, praia, pois estes locais retêm umidade e protegem as larvas do sol, propiciando um ambiente adequado para a sobrevivência destas.
Sendo assim, quando as larvas infectantes penetram ativamente na pele, geram lesões caracterizadas por trajetos inflamatórios tortuoso, semelhante a um mapa, vindo daí o nome popular de bicho geográfico. As lesões são acompanhadas de coceira, sendo que os mais atingidos são pés e nádegas. Devido ao ato de coçar, podem ocorrer infecções secundárias.


Nos animais que apresentam infecções agudas, as manifestações clínicas apresentadas por eles são: anemia, fadiga e, às vezes, dificuldade respiratória. Nos casos de infecções crônicas, normalmente o animal apresenta-se abaixo do peso ideal, anorexia e pelagem escassa. Podem haver sinais de dificuldade respiratória, lesões de pele e claudicação.

Nos humanos, o diagnóstico é clínico, através da observação das lesões características e também da coceira apresentada pelo paciente.

O tratamento é feito utilizando-se pomadas locais nos casos mais brandos por 10 a 15 dias. No entanto, em lesões mais extensas, é feito também a administração de medicamentos via oral. Para aliviar a coceira, recomenda-se a realização de compressas de gelo no local. Não é recomendado furar as lesões.

A prevenção é feita evitando andar descalço em locais de transição de cães e gatos, recolher as fezes do seu animal, evitar levar seu animal à praia e também realizar a vermifugação dele conforme a indicação do médico veterinário.

Esquistossomose

O que é Esquistossomose?

A esquistossomose, também chamada de bilharzíase, é uma infecção causada por um trematódeo pertencente ao gênero Schistosoma. No Brasil, esta doença é causada pela espécie Schistosoma mansoni e tem como seu hospedeiro definitivo o homem, necessitando de um hospedeiro intermediário, o caramujo, para completar seu ciclo evolutivo.
Na água, os ovos eliminados pelo homem na urina e nas fezes, evoluem para larvas. Estas, por sua vez, se alojam e se desenvolvem nos caramujos, que posteriormente liberam a larva adulta que irá penetrar na pele do homem. Quando no sistema venoso dos seres humanos, os parasitas se desenvolvem até atingirem de 1 a 2 centímetros de comprimento, se reproduzem e eliminam seus ovos. Alguns desses ovos podem alcançar a bexiga e o intestino, sendo eliminados pelas fezes e urina, fechando o ciclo.


A doença apresenta a fase aguda e a crônica. Nesta primeira fase, podem aparecer coceiras e dermatites, febre, inapetência, tosse, diarréia, enjôos, vômitos e emagrecimento. A segunda fase (crônica), geralmente apresenta-se assintomática, podem ocorrer episódios de diarréia, alternando-se com períodos de constipação, podendo haver a evolução para um quadro mais grave, com hepatomegalia (fígado aumentado), cirrose, esplenomegalia (aumento do baço), hemorragias derivadas do rompimento de veias esofágicas, e ascite (acúmulo de líquido na região abdominal). Esta ascite é popularmente chamada de barriga d’água.
Para o diagnóstico da esquistossomose é importante se conhecer o histórico do paciente, saber se ele esteve presente em áreas consideradas endêmicas da doença, além dos sintomas e do quadro clínico apresentado por este paciente. Para se ter um diagnóstico seguro, pode ser realizado exames de fezes e urina, onde se evidenciam ovos no material em questão, além de biópsia de órgãos, como da mucosa do final do intestino. Hoje em dia, existem exames indiretos que detectam a presença de anticorpos no sangue contra o Schistosoma.

O tratamento é feito com medicamentos que combatem este parasita. Existem três substâncias capazes de eliminar o S. mansoni, mas a droga de eleição é o Praziquantel.

Uma boa educação sanitária, saneamento básico, controle dos hospedeiros intermediários (caramujos) e informações sobre o modo de transmissão desta doença, são medidas necessárias para a profilaxia e controle desta doença.

Estrongiloidíase

O que é Estrongiloidíase?

A Estrongiloidíase ou Estrongiloidose é uma doença causada pelo parasita Strongyloides stercoralis e possui maior prevalência em regiões quentes (com temperatura entre 25 a 30º C) e com bastante umidade. Os nematódeos são encontrados em solo arenoso e podem viver indefinidamente no solo como formas livres.
A forma parasita deste verme possui corpo cilíndrico, filiforme, esbranquiçada, com as extremidades afiladas. Na porção anterior encontramos a boca com três pequenos lábios. Possui esôfago estreito e cilíndrico (filarióide), e mede de 2 a 3 mm de comprimento.
Quanto à forma de vida livre, o parasita possui a seguinte morfologia:
Larva rabditóide mede aproximadamente 0,25 mm, possui esôfago rabtitóide, vestíbulo bucal curto e primórdio genital visível.
A larva filarióide mede cerca de 0,5 mm e contém esôfago cilíndrico que se estende quase até a metade do corpo da larva. Possui vestíbulo bucal e a cauda termina como uma pequena bifurcação.
O macho e a fêmea possuem boca com três pequenos lábios, esôfago do tipo rabditóide e vestíbulo bucal curto. A fêmea é maior (1,5 mm) e possui extremidade posterior delgada e voltada ventralmente, apresentando duas espículas pequenas.

Larva do verme Strongyloides stercoralis



A transmissão da doença acontece pela penetração das larvas filarióides na pele (geralmente nas áreas da pele mais fina dos pés), ingestão de alimentos contaminados por larvas, autoinfestação interna (mudança das larvas rabditóides para filarióides na região perianal infestando o hospedeiro).

Contaminado, o indivíduo apresenta os seguintes sintomas:
  • Lesões cutâneas: Geralmente discretas, podendo haver pequenas alergias. A pele pode apresentar manchas vermelhas, coceira e inchaço. Estes sintomas tendem a desaparecer espontaneamente dentro de 1 a 2 semanas.
  • Lesões pulmonares: Quando as larvas perfuram os alvéolos ocorrem pequenas hemorragias, alterações inflamatórias, que podem complicar com o aparecimento de fenômenos alérgicos e invasão bacteriana secundária.
  • No intestino, as fêmeas partenogenéticas ao nível da mucosa, possuem uma ação mecânica e irritativa capaz de provocar enterite. Assim a mucosa parasitada contém uma inflamação catarral e com a presença de pontos ulcerados. Essas úlceras podem complicar-se por invasão bacteriana, dando extensas áreas necróticas.
  • Além de tudo isto, o paciente apresenta anemia, diarréia, emagrecimento, desidratação e irritabilidade, que são agravados em caso de subnutrição.

É muito importante para evitar a doença, usar sapatos em áreas endêmicas para proteger os pés, abolir por completo adubação com fezes humanas e tratar os doentes de modo a evitar a proliferação da verminose. O tratamento geralmente é feito com tiabendazol e albendazol, porém deve ser receitado pelo médico especialista.

Para diagnóstico da estrongiloidíase, pode-se usar o método HPJ (sensibilidade menor), porém os métodos mais utilizados são o de Baermann-Moraes ou o de Rugal, que são bastantes eficazes. Para esses exames de fezes não se deve usar conservadores para não matar as larvas. Vale ressaltar que nas fezes somente são encontradas larvas rabditóides e não ovos, como em outras verminoses.

Ancilostomíase

O que é Ancilostomíase?

A Ancilostomíase, Ancilostomose ou Necatoríase são nomes de doenças causadas pelos Ancilostomídeos das espécies Ancylostoma duodenale ou Necator americanus. Estas verminoses, também conhecidas como “amarelão” têm grande prevalência em regiões quentes e úmidas, de solo arenoso. Os vermes causadores destas helmintose têm o peridomicilio como o principal foco de contaminação da população. Isto se deve, pelo seguinte fato de que o único hospedeiro para esses parasitas é a espécie humana.
Os ovos dos helmintos causadores da ancilostomíase possuem forma ovalada, casca fina e transparente e um espaço largo e claro entre a casca e o conteúdo dos ovos. As larvas rebditóide apresentam bulbo esofageano (esôfago do tipo rabditóide) e vestibulo bucal longo. Já as larvas filarióide apresentam esôfago cilíndrico (do tipo filarióide) e cauda pontiaguda.

Ovos de ancilostomas


Os vermes adultos alcançam aproximadamente um centímetro de comprimento sendo que as fêmeas são um pouco maiores que os machos. Possuem o corpo cilíndrico, rígido, somente afilado nas extremidades. Os machos apresentam na extremidade posterior uma expansão chamada de bolsa copuladora. Na porção anterior encontramos a cápsula bucal, que permite a distinção entre os dois parasitas.
As formas de transmissão desta verminose acontecem por penetração ativa das larvas filarióides infestantes na pele ou mucosas, principalmente nas regiões dos pés, pernas, nádegas e mãos, como também pela ingestão das larvas junto com os alimentos.

Infectado pelo parasita, o indivíduo apresentará os seguintes sintomas:
  • Lesão Cutânea: Hipersensibilidade com irritação local, prurido, edema. Ocorre na parte superior dos pés, nas pernas, nádegas e regiões interdigitais.
  • Lesão pulmonar: Presença de focos hemorrágicos (onde as larvas perfuram as paredes alveolares), edema e presença de líquido na luz alveolar. O indivíduo apresenta um quadro semelhante à pneumonia, com tosse, febre, etc.
  • Lesão da mucosa intestinal e espoliação sanguínea: Vermes se alimentam de sangue e dilaceram a mucosa intestinal ocasionando pequenas hemorragias. Estabelecem uma anemia de evolução lenta acompanhada de perturbações e cólicas abdominais.
  • Em crianças ainda podem ocorrer diminuição ou perversão do apetite (comer terra), retardamento físico e mental, e ainda consequências como dificuldade de aprendizagem escolar e a debilidade orgânica generalizada.

Como forma de prevenir a doença é necessário haver:
  • Educação sanitária em massa.
  • Serviços de engenharia sanitária (construções de moradias higiênicas, dotadas de água tratada e instalações sanitárias adequadas).
  • Abolir por completo adubação com fezes humanas.
  • Proteção dos pés pelo uso de calçados.
  • Alimentação adequada, rica em proteínas, sais minerais, vitaminas e hidrato de carbono.
  • Tratamento dos doentes (deve ser repetido com intervalo de seis meses, durante dois anos aproximadamente, a fim de impedir que o homem continue disseminando os ovos. Utiliza-se anti-helmínticos e antianêmicos.

Para diagnóstico laboratorial desta verminose é necessário fazer uma pesquisa de ovos de vermes nas fezes, através dos métodos de sedimentação espontânea (HPJ) o MIFC, método de Willis, entre outros. Para fazer a pesquisa de larvas, são usados os métodos de Baerman – Moraes ou Método de Rugal.

Tricuríase

O que é Tricuríase?

A Tricocefalíase ou Tricuríase é uma doença causada pelo verme Trichocephalus trichiurus ou Trichuris trichiura. Este parasita, também conhecido como tricuro ou tricocéfalo vive no intestino grosso de seu hospedeiro com sua extremidade anterior mergulhada na mucosa do ceco. É encontrado também no apêndice, cólon, e ás vezes, no íleo.
Esta enfermidade possui maior prevalência no litoral e na Amazônia, uma vez que o clima mais quente e úmido favorece o embrionamento dos ovos do verme e maior sobrevivência dos mesmos. O acentuado aglomerado humano, bem como as precárias condições sociais e de higiene facilitam muito a propagação do parasita.
Os ovos do Trichocephalus trichiurus possuem aspecto muito típico, sua forma assemelha-se a um pequeno barril, arrolhado nas duas extremidades por uma massa mucoide transparente (estrutura semelhante a bolhas de ar). A casca é formada por duas membranas que envolvem a massa de células germinativas.

Ovos do verme Trichocephalus trichiurus


Os vermes adultos são cilíndricos, de cor esbranquiçada ou ligeiramente rósea. Possuem a extremidade anterior afilada (onde encontramos a boca e o esôfago) e a extremidade posterior dilatada (onde encontramos o intestino e o aparelho reprodutor). Apresentam dimorfismo sexual, onde o macho é menor (cerca de 3 cm) e possui extremidade posterior encurvada ventralmente, apresentando uma espícula protegida por bainha. Já a fêmea é maior (cerca de 4 cm) e possui extremidade posterior romba e reta.
A principal forma de transmissão desta verminose é através da ingestão de ovos embrionados em alimentos ou bebidas contaminados. Ao ingerir ovos do verme, o indivíduo apresentará sintomas discretos, sendo que a maioria dos casos são assintomáticos no início. Quando o quadro da doença evolui, devido ao aumento do número de helmintos, os sintomas são mais marcantes. Os vermes secretam uma substância lítica que causam lesões nas células podendo levar a formação de úlceras e abscessos. Além disto, pode ocorrer infecção bacteriana secundária, anemia (devido à grande queda de hemoglobina), diarréias, náuseas, vômitos e prolapso retal.
Para evitar a contaminação por este tipo de verme é extremamente importante a higiene pessoal, como lavar as mãos ao usar os sanitários, antes de consumir ou preparar qualquer alimento. Evitar beber água que não seja filtrada também é uma forma de prevenir a doença.
O diagnóstico laboratorial da tricuríase é feito por qualquer método de exame de fezes, preferencialmente pelo HPJ que é mais barato e de fácil execução. Os ovos são facilmente visualizados por este método (fêmea produz grande quantidade de ovos – média de 200 por grama de fezes). Para tratar a doença, os fármacos mebendazol e oxantel são eficazes para matar as formas adultas do verme. Porém, em caso de suspeita desta verminose é aconselhável procurar um médico para maiores orientações.

Oxiurose

 O que é Oxiurose? 

A Enterobiose, Enterobíase, Oxiurose ou ainda Oxiuríase é uma doença causada pelo nematódeo Enterobius vermiculares ou Oxyurus vermiculares. Possui distribuição geográfica mundial, mas tem incidência maior nas regiões de clima temperado. Acredita-se que esta verminose tenha sido originada no continente africano, dispersando-se com as migrações ocorridas no passado para outros continentes. Essa helmintose tem alta prevalência nas crianças em idade escolar e é de transmissão eminentemente doméstica ou de ambientes coletivos fechados.
Os fatores responsáveis por essa situação é que as fêmeas do verme eliminam grande quantidade de ovos na região perianal. Os ovos em poucas horas se tornam infestantes, podendo atingir os hospedeiros por vários mecanismos (direto, indireto, retro infestação, etc.). Os ovos são muito resistentes e conseguem resistir até três semanas em ambientes domésticos. Somente a espécie humana alberga o Enterobius vermiculares.
Os ovos deste parasita são incolores, transparentes e possuem aspecto assimétrico, um dos lados é achatado e o outro é convexo, com as extremidades arredondadas. Possuem membrana dupla, lisa e transparente. Quando encontrados nas fezes, o ovo já encerra um embrião, que em poucas horas se transforma em larva (é infestante). A larva ocupa a cavidade interior e é móvel, podendo adotar diversas posições.
Os vermes adultos caracterizam-se por serem pequenos, cilíndricos, afilado, de cor esbranquiçada. Apresentam duas expansões vesiculosas lateralmente à boca, denominadas aletas cervicais ou asas cefálicas. Apresentam dimorfismo sexual, onde a fêmea é maior, medindo cerca de 1 cm, com cauda longa e pontiaguda. Já o macho é menor, medindo cerca de 3 a 5 mm, e apresenta cauda recurvada ventralmente e com uma espícula copuladora.


Ciclo de vida do Enterobius Vermiculares

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A transmissão da doença é variada. Pode ser de forma direta, onde a criança ao coçar a região anal, coloca a mão infectada pelo verme na boca. Também pode acontecer indiretamente pela contaminação da água ou alimento, ao cumprimentar uma pessoa que esteja com a mão suja contendo ovos do verme. É muito comum, em ambientes que possuam pessoas que tenha a doença encontrar ovos do verme em roupas de cama, nas toalhas, no chão e nos objetos da casa, sendo frequentes as pequenas epidemias entre aqueles que habitam a mesma residência.

A enterobiose pode causar diversos sintomas no indivíduo, tais como diarréias contendo muco, cólicas abdominais, náuseas, vômitos, prurido anal intenso (sintoma mais marcante), inflamação da região anal. Devido às proximidades dos órgãos genitais, o prurido pode levar o indivíduo à masturbação e erotismo, principalmente em meninas. Existem ainda a possibilidade de migrar para a vagina, alcançando o útero e determinando inflamações. Alteração do humor e perturbação do sono, também são sintomas comuns.

Portanto, é extremamente importante o hábito de lavar as mãos após usar o sanitário e principalmente antes de comer ou preparar alimentos. Manter o corpo asseado, mediante o banho frequente e o uso de roupas limpas, tanto as do corpo quanto as da cama, são formas de prevenir a doença. Para o tratamento da oxiuríase, existem várias drogas disponíveis no mercado internacional, com índices de cura clínica e parasitológica bastante satisfatórios. Em caso de suspeita desta enfermidade é aconselhável procurar um médico, para que indique as melhores formas de tratar a doença.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Teníase

O que é teníase?
A teníase é uma infecção intestinal causada pela fase adulta da Taenia solium e da Taenia saginata. Estes são parasitas hermafroditas da classe dos cestódeos, da família Taenidae, também conhecido como “solitária”. São seres extremamente competitivos pelo seu habitat, não precisando nem de parceiro para a cópula, já que são seres monóicos com estruturas fisiológicas para autofecundação. O complexo teníase-cisticercose constitui-se de duas entidades distintas, porém causadas pelo mesmo parasita, sendo um sério problema para a saúde pública.
A teníase e a cisticercose são causadas pelo mesmo parasita, só que em fases distintas de vida. A teníase é causada pela Taenia solium ou Taenia saginata quando presente no intestino delgado dos humanos (hospedeiros definitivos), já a cisticercose, causada devido à presença da larva, também conhecida como “canjiquinha”, que pode estar presente em hospedeiros intermediáriaos, sendo que o cisticerco da  Taenia solium é encontrada na musculatura dos suínos e da  Taenia saginata encontrada na dos bovinos. A teníase causada pela  Taenia solium não é considerada fatal, enquanto que a cisticercose causada por ela pode levar à morte.
A infecção pela larva da Taenia saginata ou Taenia solium se dá pela ingestão da carne bovina e suína, respectivamente, contaminada preparada de forma inadequada.


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Muitas vezes esta doença é assintomática, mas quando apresenta sinais clínicos, na maioria das vezes, estão relacionados a problemas gastrointestinais como dor abdominal, anorexia, diarreia enjoo podendo também apresentar irritação, fadiga e fraqueza.
O diagnóstico é realizado através de exames cropoparasitológicos, sendo observados no microscópio óptico os ovos ou proglótides (anéis que compõe o corpo da Taenia sp) do parasita. Quando este método não é suficiente, podem ser realizados os testes de hemoaglutinação e imunofluorescência indireta.
O tratamento da teníase é feito com o uso de drogas antiparasitárias, como mebendazol, nitazoxanida, praziquantel ou albendazol.
Uma das formas de controle desta doença é através do trabalho educativo da população, promovendo a melhoria da higiene e também, em relação à saúde animal dos bovinos e suínos, controlando sua alimentação e realizando adequadamente a inspeção das carcaças dos animais abatidos para consumo humano. Deve ser realizada também a fiscalização de produtos de origem vegetal, pois a água usada na irrigação destes pode estar contaminada. É aconselhável que tanto a carne de porco, quanto a bovina, seja consumida bem passada, lembrando também que embutidos não cozidos são alimentos de risco.

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